quinta-feira, 22 de março de 2012

Sobre relacionamentos casuais

Dizem que antigamente a vida era mais simples. Difícil discordar, principalmente quando o assunto é relacionamentos.

Nos tempos da minha avó, quando um caboclo queria chegar na cabocla, ele ia direto no pai dela e dizia: "Quero a mão da sua filha em casamento". Daí o pai poderia dar-lhe um abraço ou meter-lhe um tiro de trabuco nas fuças (acontecia). Mas não havia complicação sobre onde começava o relacionamento. Ou as pessoas estavam casadas ou estavam solteiras e pouco havia "áreas cinzas" entre esses dois extremos.

Hoje a modernidade troxe essa invenção estupenda: o rolo. Novamente: se o caboclo hoje chega na cabocla, primeiro que não tem mais que passar pelos pais (e arriscar dar de cara com o trabuco), segundo que entre um primeiro beijo e um casamento, pode haver uma distância que às vezes nunca chega a ser percorrida, afinal hoje as pessoas que se dispõem a pôr um anel no dedo diminuiram drasticamente. Tenho amigos que categoricamente afirmam que jamais se casarão.

Digamos que um camarada conheça uma camarada numa festa. Dependendo do nível do alcool, talvez eles nem troquem nomes, muito menos se lembre do ocorrido no outro dia. Mas não entremos nesses termos. Digamos que os dois estejam sóbrios. Começam a conversar, descobre coisas em comum e acabem ficando.

Até aí tudo beleza. Mas de repente chega o dia seguinte. Vem na cabeça de ambos o "E agora?". Se eles realmente tiverem ficado por mais do que uma atração momentânea, provalvemente vão querer se ligar no outro dia. Conversas virão, quem sabe um novo encontro, quem sabe ficam de novo. Se você é daqueles que não param pra pensar nessas coisas, ótimo, mas se você não é assim, provavelmente uma hora vai questionar: "O que é que nós temos?". É aí que o bicho pega.

As pessoas de hoje em dia tendem a ser orgulhosas em relação a relacionamentos. Quando falo orgulhosas eu quero dizer que a última coisa que eles querem fazer é admitir que gostam da outra pessoa. Será que é tão humilhante assim dizer: "Eu gosto de você"? O pior é quando a coisa é óbvia. Digamos que o "relacionamento" já tenha semanas, quem sabe meses, mas mesmo que a coisa até estável já seja, os envolvidos não admitem o sentimento que já existe. Claro, nisso estou considerando que as pessoas sejam daquelas que realmente tenham sentimentos, porque tenho notícia de pessoas que ficam durante meses só por ficar e realmente não tem nada mais que isso. Acho esses casos realmente deprimentes...

Muita gente diz que quer "curtir a vida". Será realmente que é as únicas pessoas que curtem a vida são as solteiras? Será que um casal não pode viajar, sair, dançar, entre tantas outras coisas? Eu compreendo que estar num relacionamento envolve abrir mão de umas coisas. Você não é livre pra fazer o que quiser do jeito que faria se estivesse sozinho. Mas por outro lado você ganha coisas que jamais teria sozinho. A sensacão de ter com quem contar, de ter uma companhia perene, faça chuva ou faça sol, é estupenda. E se você curte fazer certas coisas, só se relacionar com alguém que tenha gostos semelhantes, oras.

Claro que boa parte das pessoas ao dizer que querem "curtir a vida", usam essa expressão como sinônimo de "quero pegar geral". Acho que uma vida assim pode ser divertida no começo. Mas a verdade é que a maioria das pessoas não querem viver a vida assim pra sempre. Mas será que quando chegar a hora de elas sossegarem elas encontrarão uma pessoa que queira estar com elas? E se a pessoa perfeita passou pela sua vida mas como você queria só curtir, deixou ela ir embora? O tempo não volta.

Algo a se pensar, não?

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