sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Distância (Música por João Lira)

Verso 1:
Se fechares os teus olhos
Poderás então lembrar
Do que não acabou
Do sentimento que ainda há

Não estamos mais perto
Mas nada é diferente
Do que havia antes
Do que existe entre a gente

Sei que fui embora
Não sei se um dia vou voltar
Não te prometo nada
Que depois não possa te dar

Refrão:
Que essa distância
Não nos separe
Mais do que já o faz

Que o que temos
Agora persista
E não se acabe jamais

Verso 2:
Mentiria se eu dissesse
Que não sinto vontade
De ter-te em meus braços
Disso eu sinto saudade

De sentir o teu cheiro
De você junto de mim
O tempo então para
E então não tem mais fim

Cada minuto parecia
Que duraria pra sempre
Mas mesmo agora tão longe
Não quero seguir em frente

Ponte:
Porque sem você
Nada vale a pena

Refrão:
Que essa distância
Não nos separe
Mais do que já o faz

Que o que temos
Agora persista
E não se acabe jamais

A verdade (que você nunca vai saber)

Falar a verdade. Esta aí algo que é um exemplo do que parece ser altruísta mas que pode também não ser. A verdade talvez não seja desejável. Seria mentir correto então? Mentir não, mas se pode fazer um bem danado apenas em omitir. Quem disse que ignorância é benção era muito sábio. Se você não tem conhecimento de uma coisa, então você não é afetado pelo que a ciência dessa coisa poderia te trazer. Quanto mais se sabe, mais se é responsável, mais se é ansioso, mais se é preocupado, mais coisas enchem sua cabeça...

Um exemplo disso seria o que você conta ou deixa de contar aos seus pais. Quando cheguei em Brasília eu cortei o meu dedo. Sangrou que só, tive que dar pontos, mas eu não contei a minha mãe. Pra quê? Ela já tem tanto problema na cabeça. Colocar mais uma preocupação só iria piorar a qualidade de vida dela. Outra coisa que só leva a problemas é contar da sua vida intima (leia-se: sexual). Imagine qual é a reação de um pai ao saber que a filhinha dele, a princesa dele, perdeu sua inocência para um qualquer (e independente de quem seja, o cara sempre será um qualquer). Mesmo mães também podem não reagir bem. O sonho de todo pai/mãe é ver sua filha intocada até o dia do casamento, uma expectativa que nos dias de hoje é quase irreal. Claro que tem pais que são abertos em relação a isso. Mas esses são exceção.

E a verdade dentro dos relacionamentos amorosos? Alguém aí (também) já acabou um namoro porque não aguentava mais ver o outro sofrer? Sabia que as brigas continuariam, então preferiu deixar a outra pessoa livre pra encontrar outro alguém mesmo amando muito ainda essa pessoa? Mesmo que se arrependa depois? Outro caso: alguém aí (também) já calou um eu te amo porque sabia que se a outra pessoa continuasse alimentando esses sentimentos só iria trazer dor? Você ouve aquela pessoa que você gosta tanto dizer isso pra você e você quer dizer de volta mas sabe que não é o melhor. As circunstâncias do relacionamento fazem você concluir que nunca daria certo e então você finge que não sente algo mesmo que até o bater do seu coração saiba que não é verdade.

É sempre uma decisão difícil. De certa forma é até presunçoso querer saber o que é melhor pro outro e o que não é. Mas nós somos levados pelas mais puras das intenções ao fazer isso. É nesses momentos, talvez, que se revela o quanto se gosta da outra pessoa. Porque afinal talvez fosse cômodo continuar num relacionamento conturbado. Deixar que ele se destrua por si só. Mas por outro lado, é preferível acabar com algo enquanto ainda se tem boas lembranças, do que esperar ele terminar e não sobrar nada de bom pra se recordar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Sem rumo (Música por João Lira)

Verso 1:
Ando sozinho
Sem saber pra onde vou
Não sei mais ao certo
Quem realmente sou

Dúvidas que vem
Respostas que não são
O que eu procurava
Dentro do meu coração

Verso 2:
Nada na vida mais importa
Não tenho mais razão
Minha história não tem jeito
Não vale nem esta canção

Não sinto mais nada
Como posso continuar?
Se eu não sou ninguém
Por que esta dor não quer parar?

Ponte:
Estava perto do fim
Mas você me salvou

Eu estava sem rumo
Mas você me encontrou

Refrão:
Será que você
É quem pode me dar
O que eu preciso
Tudo que eu sonhar

Que seja você
Não me faça esperar
O tempo foi longo
O momento é agora

As diferenças que (não) nos unem

Quando duas pessoas entram num relacionamento, é natural que elas mudem, tenham que se adaptar. Mas até onde isso é saudável e/ou desejável?

Já aconteceu comigo, provavelmente com você também: numa bela noite de verão você sai com os amigos e conhece aquela pessoa, que te chama a atenção logo de cara. Daí vocês engatam num papo, conversa vai, conversa vem, e acaba rolando alguma coisa. Depois de novo, e de novo. Até que a coisa se encaminha pra um relacionamento.

Entretanto -- e tudo na vida tem que ter uma conjunção adversativa -- apesar de se darem muito bem, ter química, entre outras coisas, você não tem uma única coisa em comum com ela. Digamos que ela seja uma otaku, super nerd, fã de Star Wars, que joga RPG e videogame e já leu todos os Game of Thrones (opa, acho que acabei de descrever meus sonhos aqui) e o cara seja um boyzinho, que gosta de sertanejo e funk, sabe tudo sobre carros, embora dirija um 1.0 pertencente a sua mãe e tem preguiça de ler até placa de trânsito. Não se enganem, esse tipo de relacionamento não só acontece como é revoltantemente comum (why do you like THAT guy????)

Vão os dois marcar pra sair. Pra onde vão? Por um lado, o camarada quer ir ver o Tchu e o Tcha no estádio da cidade. Já ela quer ir pro cinema ver Prometheus. Em começo de namoro isso jamais seria motivo de briga, já que um ia querer fazer a vontade do outro. E assim será por algum tempo. Mas o que acontece é aquele que cedeu provavelmente odiará completamente o programa escolhido. Obviamente depois ele não irá comentar nada disso: "Ah amor, que filme ótimo! A parte que eu mais gostei foi a que o Alien sai da barriga da mulher!". Quando na verdade o que ele mais gostou foi quando desceram os créditos finais.

Pelo menos filme é algo que dá pra se divertir mesmo quando não é um gênero do seu agrado. Mas suponhamos que a escolha tenha sido o show? Escutar o Tchu Tcha Tcha durante duas horas é uma tortura pra quem não é chegado. Fora que o tempo parece que demora mais a passar quando nos sujeitamos a tais coisas. A cada meia hora se passam cinco minutos. Mas e daí, eles passaram o show todo se pegando então não foi tão ruim assim.

Só que um casal não vive só de pegação. Tem uma hora que eles terão que conversar. No início, cada minuto do dia parece render uma hora de conversa. "Conta mais como foi comer macarrão com colher! É muito interessante!" Tá, o amor nos deixa bobos. Mas convenhamos que uma das maiores graças de se conhecer uma pessoa é exatamente isso: conhecer. Claro que ao falar de algo que você gosta é super divertido. Já escutar sobre algo que você não gosta é triste. Eu lembro das minhas conversas com uma amiga, quando eu passava horas e mais horas discorrendo sobre quem era o Snake mais pal (sim, com L mesmo): Solid Snake ou Big Boss (pra quem leu grego, são personagens da série de videogames Metal Gear Solid).

Mas eu acabei fugindo do ponto principal: o que complica é quando você tenta mudar pra agradar a outra pessoa. Você não sabe nem o que é um sabre de luz, mas é convencido a ir de cosplay do Anakin pro evento que sua namorada chamou você. Ou, opostamente, vai prum racha de carros tunados sem nem saber o que é NOS. Daí a pessoa começa a fingir que gosta daquilo e até tenta gostar, mas é muito contra sua natureza. Isso numa pessoa que tem sua individualidade bem resolvida. Porque tem aqueles que são tudo o que o parceiro quer que eles sejam. Só que uma pessoa sem personalidade não é interessante durante muito tempo.

Existem relacionamentos em que os envolvidos são muito diferentes e dá certo. Mas eu acho que esses são exceções. Eu acredito que um relacionamento legal é quando os dois tem algo em comum, seja gostos, sonhos, objetivos de vida... e isso serve até pra unir mais os dois. Assistir séries, jogar videogames, comentar livros, ir a shows... tudo quando é compartilhado se torna melhor. E tendo os dois gostos parecidos, a coisa tende a dar muito mais certo. É o que eu acho...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Almas gêmeas

Não vou mentir, eu ainda acredito nessa história. Por mais que tenha levado tapas na cara da vida. Por mais que tenha me decepcionado em relacionamentos passados. Ainda continuo acreditando nessa coisa bobinha de que um dia vou encontrar a pessoa perfeita e serei muito feliz. O que será que raios há comigo? Cada dia que passa os fatos mostram que esse tipo de coisa não existe, mas eu não consigo matar aquela esperança que vive lá no fundo de que esse dia chegará.

Eu não sei se isso foram os anos e mais anos vendo filmes, lendo livros, escutando histórias que sempre iam por esse caminho: o mocinho no final sempre será feliz com a mocinha para todo o sempre. Verdade seja dita: é quase uma lavagem cerebral o que fazem conosco. E sempre que eu me aventuro num relacionamento, sempre vem a pergunta: será que dessa vez vai? E a resposta sempre é negativa.

Vamos ser justos, eu já vi muitas histórias felizes, amigos que casaram, pais de amigos, minha própria mãe e meu padastro. Mas a questão que fica é: será que eu vou ter a minha vez? Nem todo mundo acha alguém. Tem até pessoas  que nunca procuram. Existem aqueles que se dedicam tanto ao seu trabalho que jamais estabelecem relações duradouras com outras pessoas. Mas fazer o que, eu não sou assim. Tenho vontade de casar, de ter filhos, de envelhecer junto...

A proposito, esse livros espíritas romanceados não ajudam em nada. É impressionante como todo mundo tem um grande amor do passado que leva pra eternidade, passando por muitas encarnações, que sempre se reencontram quando em vida, e que já está tudo programado desde o nascimento. Como não acreditar nisso vendo coisas assim? A pessoa fica até mais empolgada pra saber quando é que se vai encontrar o alguém certo.

O jeito é esperar pelo tempo. Quem sabe um dia eu terei direito ao meu final feliz.

Segue-me

Se você se encontra triste
Se nada mais te anima
Se o desejo do fim é maior que a vontade esperá-lo
Se as tristezas são mais constantes que as alegrias
Enxuga essa lágrima e segue-me

Se nada é como você gostaria que fosse
Se as pessoas sempre te decepcionam
Se nada do que você faz dá certo
Se as dificuldades são maiores que as forças
Enxuga essa lágrima e segue-me

Se o sol não é mais calor
Se a chuva não é mais frescor
Se o vento não sopra mais
Se a visão do que é belo já não o é mais
Enxuga essa lágrima e segue-me

Se a solidão te consome
Se não tens um ombro amigo
Se te falta o amor
Se só conheces a dor
Enxuga essa lágrima e segue-me

Eu te carregarei quando não puderes mais andar
Te farei andar sobre as águas quando não puderes mais nadar
Se caires do precipício, eu te farei voar
Enxuga essa lágrima e segue-me

Se não me conheces
Saiba que meu nome é Jesus
E se o que tu buscas é a luz
Através de mim irás então encontrá-la
Enxuga essa lágrima e segue-me

Tenha fé e acredite
Me deixe entrar na tua vida
Alegrar teu coração
E te prometo que nem mais um dia será em vão
Enxuga essa lágrima e segue-me

Como se diz eu te amo

Alguns acham muito difícil dizer essa frase. Outros acham tão fácil que ela parece estar sempre na ponta da língua. Eu já fui do segundo tipo. Hoje estou mais no primeiro. Não sei se essa mudança foi boa, se denota alguma maturidade, mas acho que o ideal é estar entre os dois e não nos extremos (como quase tudo nessa vida).

Os que não conseguem dizê-la, perdem chances muito boas de solidificar algo que de fato existe. Um sentimento forte como esse não precisa de palavras, eu sei, mas ao dizê-las, tudo se torna mais real. Por que ter vergonha de admitir algo tão bonito? Será orgulho? Será que dizer tal coisa seria um sinal de fraqueza? Eu penso que é exatamente o contrário.

Já os que falam isso pra todo mundo estão do outro lado da balança. Pais, namorados, amigos, o vendedor de pipoca da esquina, todo mundo é digno de receber um eu te amo. Uau, que coração grande, hein? Isso teoricamente pode ser visto como algo legal. As pessoas se sentem mais queridas, mais valorizadas. Só tem um porém. Se você diz isso pra todo mundo, o que você vai dizer quando tiver algo maior a demonstrar? Não tenho conhecimento de demonstração verbal mais forte que um eu te amo. Mas se vira chiclete na sua boca, então ele acaba não valendo de nada.

Seja criativo. Se quer dizer que gosta muito mesmo de alguém, sempre existem formas de se atingir o objetivo sem gastar um eu te amo. Uma das coisas que já ouvi e que, apesar de simples, demonstram perfeitamente o nível de gostar da outra pessoa foi alguém dizer pro outro que queria que ele fosse o pai das filhas dela. Acho que isso diz muito, já que filhos é um assunto muito sério pra quase todo mundo.

Mas se o momento pedir, se for algo singelo, algo único e você ver que aquilo pede por uma declaração maior, encha seu coração e diga que ama mesmo. Tenho certeza que a outra pessoa ficará feliz com aquilo e corresponderá a contento. Nem que seja um eu te amo de volta, mas um beijo, um abraço apertado... O que importa mesmo, entretanto, é a pureza do sentimento que originou a frase. Mesmo que não seja bem recebido, se você quis mesmo dizer aquilo que diga. Pelo menos estará sendo sincero consigo mesmo.

Depois do fim

O que fazer com o sentimento quando o relacionamento acaba? Vai depender dos termos em que acabou. Se a coisa toda teve um fim devido a brigas e mais brigas, talvez esse sentimento já nem exista mais. Mas se o que houve foi alguma coisa externa ao relacionamento em si, talvez ele tenha acabado com as duas pessoas ainda se gostando muito.

Uma das coisas que poderia terminar um relacionamento nesses termos seria a distância. Manter algo sério a distância é algo complicado, então os dois podem achar por melhor terminar. Suponhamos então que um dos dois tenha que mudar de cidade, devido a estudos, ou trabalho... Vai que ele decide com sua namorada que não vai dar pra continuar. Então eles decidem serem amigos. E é aí que a coisa complica.

As conversas no telefone continuam. As confidências continuam. E de certa forma acaba que pouca coisa muda. Não existe mais a proximidade física, mas ainda existe aquela conexão que havia antes. E talvez até o sentimento persevere. O que fazer? Talvez o que foi embora possa voltar pra passar feriados ou férias. Os dois então iriam se rever. Pode ser que acabem ficando, teoricamente sem compromisso, mas que na verdade não é bem assim. No fim das contas, aquilo que não deveria ser um relacionamento a distância acaba se tornando um.

Mas eventualmente algo vai mudar nas suas vidas pessoais. Talvez um dos dois encontre uma nova pessoa. Ou talvez apenas se decida que se quer encontrar uma nova pessoa. Quem sabe o outro, ao mesmo tempo, não queira outra pessoa, porque ainda se está apegado ao que existia. E se este que ainda esta apegado tenha alguém novo na sua vida, já tenha até ficado com essa nova pessoa. Mas algo a faz não querer que o lance com essa pessoa evolua. Tudo por causa daquele que foi embora.

Por outro lado, o que fazer ao saber que aquela pessoa que você gostava tanto ficou com outra pessoa? Talvez venha aquele irracional ciume. Ciume o qual você não tem direito a ter, afinal aquela outra pessoa só é sua amiga. E amigos devem torcer pela felicidade do outro. Certo? Pode ser, entretanto, que você se sinta feliz ao ver que a outra pessoa está seguindo adiante. E esse é o sentimento a se buscar, na minha opinião. Se você sabe que o relacionamento a distância nunca iria dar certo, por que se apegar a ele? Porque não tentar ir em frente, tentar coisas novas? O que houve pode ter sido ótimo, mas se não tem como dar certo, então não seria melhor deixar o que passou pra trás?

E é nisso que pode haver um descompasso. Enquanto um ainda se apega, o outro tá tentando seguir em frente. E isso envolve decisões que eventualmente podem até machucar o outro. Seja uma foto dos dois que é excluida, seja um depoimento que ficou oculto. As demonstrações públicas de carinho talvez não sejam mais frequentes... É sabido que amigos podem ter essas coisas. Mas também é sabido que aquelas coisas, à época que foram feitas, não eram de amizade.

A transição de um relacionamento pra uma amizade nunca é feita sem decepções, mágoas ou obstáculos. Mas se a vontade de ter essa amizade for real, então se terá a paciência e a resignação pra superar essas coisas que venham a acontecer. Se você realmente gostou daquela pessoa, então tenho certeza que você vai querer continuar a tê-la na sua vida, só que agora ocupando uma posição diferente. E talvez aí nasça algo que vá durar pelo resto da vida. Um amigo de verdade.

domingo, 23 de setembro de 2012

O que ficou pra trás (Música por João Lira)

Verso 1:
Quando um amor se vive
Sempre é especial
Que nunca vai dar errado
Que jamais terá final

Cada momento é único
Cada instante singular
Até que o mundo então
Começa a desmoronar

O sentimento que existia
Simplesmente não resistiu
Virou poeira no tempo
Ficou pra trás o que nos uniu

Refrão:
Talvez foi melhor assim
Cada um no seu caminho
Sei que agora eu terei
Que recomeçar sozinho

Na mente ainda vem
Lembranças que não são mais
Agora é esquecer
O que ficou pra trás

Verso 2: 
No princípio é um briga
Uma pequena discussão
Que não levava a nada
Só semeava desunião

E então o tempo passa
E o que era exceção
Se torna agora a regra
Vira incompreensão

O que será que eu fiz errado?
Poderia ser diferente?
O que se foi é passado
Assim como o amor da gente

Refrão:
Talvez foi melhor assim
Cada um no seu caminho
Sei que agora eu terei
Que recomeçar sozinho

Na mente ainda vem
Lembranças que não são mais
Agora é esquecer
O que ficou pra trás

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Deus e o livre arbítrio

Vou compartilhar com vocês uma questão que eu sempre me perguntei e até hoje não obtive uma resposta satisfatória: será que o livre arbítirio realmente existe? Vou tentar argumentar sobre essa questão me baseando no que já estudei do espiritismo.

Primeiro, vamos tomar como premissa as características atribuídas a Deus no livro dos espíritos (LE), ou seja, que ele é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom. Sabemos que esses atributos não definem Deus, mas tomemos eles apenas como base para argumentação.

Assim, vou argumentar sobre algumas das questões que giram em torno do questionamento central:

1) Se Deus é todo bondade, por que ele permite que as pessoas sigam o caminho do mal?

- Essa é uma dúvida clássica. Existem os que usam essa questão para afirmar que Deus não existe, mas, supondo que ele exista, este seria um argumento a favor dos que acreditam no livre arbítrio, afinal, Deus daria tanta liberdade ao homem que ele poderia até ir contra a criação se assim o desejasse. Adicionalmente, o mal não seria uma criação divina, sendo apenas a ausência do bem. Acredito que esse ponto não traz grandes dúvidas. Vamos ao próximo.

2) Os espíritos são mesmo criados iguais?

- Essa é mais difícil de responder, uma vez que o processo de criação de um novo espírito é um mistério. No LE, consta que todos são criados simples e ignorantes. A dúvida é: existe realmente uma total igualdade à época da criação?

Porque se não são iguais, abre brecha pra que um seja mais privilegiado do que outro. E, mesmo que fossem criados iguais, será que teria como ser dado a todos oportunidades iguais? Porque a explicação que se dá no LE para as diferenças entre os diversos espíritos está nas experiências individuais de cada reencarnação e nas escolhas que são feitas nelas por eles.

Só que, se cada reencarnação é única, então não teria como dar provas iguais para todo mundo, o que levaria a questão de se há a chance de alguns espíritos terem tido cargas mais leves do que outros, ou escolhas mais fáceis.

Num pensamento inverso, se por acaso eles fossem mesmo criados iguais, então, diante de uma mesma questão, teoricamente todos fariam a mesma escolha, e assim eles evoluiriam igual. Só que esse com certeza esse não é o caso, afinal, os humanos podem ser qualquer coisa, menos iguais. Cada um é um mundo único, cheio de particularidades. Assim, qual seria a explicação para os espíritos serem criados iguais, mas tornarem-se tão diferentes?

3) O que seria um espírito puro?

- Após atingir o grau máximo de evolução, os espíritos se tornam puros. Mas o que seria esse estado? Porque se o espírito passa uma eternidade inteira aprendendo coisas novas até atingir a perfeição, porque ele haveria de parar de aprender? Será que ele só atinge esse estado quando tiver todo conhecimento do universo? Mas o universo está eternamente em expansão, então sempre haveria mais alguma coisa a aprender, correto?
 
Mas ainda existe outra questão: se os espíritos são tão diferentes, na perfeição eles se tornariam iguais? Teoricamente, a perfeição é um conjunto de ideias únicos, então ser perfeito seria se adequar a essa unidade e abandonar as diferenças? Se for assim, os espíritos puros perderiam a personalidade que os caracteriza.

A explicação mais lógica seria que na verdade a pureza absoluta não seria o fim, e sim apenas um marco, para denotar espíritos de grandes conhecimentos, sabedoria e moral, mas que ainda sim continuariam a evoluir, como todos os outros, só que numa escala mais avançada.

4) Se Deus é onisciente, então não há como existir livre arbítrio.

- Deixei a mais polêmica pro final. Talvez alguém esteja se perguntando qual a ligação entre as duas coisas. Explico: se o conhecimento de Deus é total, podendo Ele até mesmo prever o que a gente vai fazer e conhecendo tudo que foi, é e há de existir, então, no momento da criação de cada um, Ele teria como ver exatamente tudo que fariamos, cada decisão, cada passo, cada escolha. Ou seja, a partir da criação estariamos programados a fazer exatamente o que fomos programados pra fazer. Não existiria escolha, a nossa criação que determinaria tudo que fariamos por toda eternidade.

O livre arbitrio não existiria, seria como, fazendo um paralelo, a genética. Ou seja, a maneira como você nasceu determinaria tudo que viria depois. Mas mesmo a genética é alterada pelo meio ambiente, mas Deus, conhecendo tudo, também preveria o ambiente, voltamos então ao ponto inicial.

Outra questão é que, sendo Deus imutável, será que por tabela isso também não nos faria imutáveis, de certa forma? Ou seja, podemos acumular conhecimentos, aprendizados, mas no fundo, no fundo, seriamos os mesmos, em essência? Teoricamente essa hipotese corroboraria então a tese acima.

Só que existe uma outra possibilidade. E se ela fosse verdade, eu admiraria muito mais a entidade que chamamos de Deus. Talvez Deus seja tão poderoso, mas tão poderoso, que poderia criar algo que está além dos seus próprios poderes. Ou seja, ao criar o espírito Deus nos daria total liberdade de fazermos o que quisermos sem ele poder prever nosso futuro. Assim, cada escolha seria de fato uma escolha e não algo que Deus já sabia que fariamos. Acho que o universo seria mais interessante se esta hipótese fosse verdadeira.

Mas a verdade é que criar hipoteses sobre Deus é complicado, dado que sua natureza nos é completamente desconhecida. Mas eu me divirto muito só em pensar nessas coisas. :)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Filhos

Sempre quis ter filhos. Desde novo eu sempre tive a certeza que queria ser pai. Mas a medida que você vai envelhecendo as coisas vão se tornando mais complicadas. E o tempo jamais para pra esperar por você.

Li uma reportagem que me deixou preocupado. Estudos mostram que quanto mais o homem demora a ter filhos, mais existe a chance dele passar mutações genéticas para eles. O ideal é ter filhos entre os 20 e os 30 anos de idade. Quanto mais passa disso, maior a chance de algo ocorrer. Eu tenho 26 anos. Minha janela ideal estaria se fechando daqui a 4 anos. Até que é um tempo razoável. Exceto pelos poréns.

Não se tem um filho da noite pro dia. Essa uma decisão a ser pensada, raciocinada, tem que estar tudo planejado, tudo pronto. Então... Atualmente eu estou solteiro, sem namorada, inclusive. Suponhamos que eu tire a sorte grande e ache o amor da minha vida daqui pra 2014. Já estaria com 28 anos. Então continuemos supondo: resolvo casar. Outra decisão que leva tempo. Né possível que eu vá fazer isso sem pelo menos ficar entre 3 e 5 anos conhecendo essa suposta pessoa, tendo certeza da decisão, etc, etc. Então já estaria com pelo menos 31 anos. Só que depois do casamento eu iria querer curtir um pouco, viajar, aproveitar a vida junto da minha esposa. Digamos que eu tome então mais dois anos. Existe ainda outro porém. Eu jamais teria um filho se não pudesse sustentá-lo. Atualmente estou na talvez mais cara cidade do país. Pra ter um filho eu teria que já ter algo construído. Apartamento próprio, carro, etc, etc. Analisemos o aspecto financeiro.

Se tudo der certo com o estágio, viro Jr. em Agosto de 2013. Daí tenho que esperar mais dois anos -- pelo menos -- pra tentar virar Pleno (2015) e, caso tenha sucesso, mais dois pra Senior (2017). Fez as contas? Estou com 31 anos. Isso se tudo der certo, o que eu acho improvável. Com certeza eu posso adicionar mais uns 2 ou 3 anos a mais, afinal concorrência para ascensão não é fácil. 33 anos pelo menos. Se corelacionarmos os dois aspectos, amoroso e financeiro e tudo der certo, então estaria tendo meu primeiro filho com 33 anos.

O problema é que na vida as coisas não funcionam facilmente. Então se colocarmos uns 3 a 5 anos de incerteza nessa matemática, e acho que ainda estou sendo otimista, teria entre 36 e 38 anos, quase 40. Daí entra uma conversa que tive com uma colega lá em Araçagi: será que eu viveria tempo suficiente pra ver meu filho crescer, pra ver meus netos? Porque ter filho com quase 40 anos, possuindo um historico fortíssimo de doenças cardíacas na família? Eu gostaria de viver muito, mas não sei se vai ser assim, porém rezo pra ter muitos anos neste planeta querido. Eu não gostaria de morrer sem ver meu filho crescer, entrar na faculdade, casar, ter os seus filhos...

Fora que eu não queria ter só um filho. Queria ter pelo menos dois. Daí eu já estaria mais velho ainda. Enfim... Infelizmente, meu pai faleceu quando eu tinha só 8 anos. Eu imagino como minha vida não poderia ter sido diferente se eu tivesse convivido com ele mais tempo, principalmente na adolescência, quando se tem tantas dúvidas, tantos questionamentos. Crescer sem pai é algo muito ruim.

A vida não tem questões simples. Ela sempre é imprevisível. Essa é apenas uma das várias questões que ficam sobrevoando a minha cabeça. Já me disseram que eu me preocupo demais, penso demais. Mas fazer o que se eu sou assim. E no fim das contas, pensar também é uma forma de entretenimento.

Uma das coisas que mais me deu paz nos últimos tempos foi ter abraçado a doutrina espírita. Explico onde ela se encaixa nessa questão dos filhos: a vida é parcialmente destino e parcialmente escolhas. Assim, se por um acaso eu viesse a ter um filho numa idade mais avançada, se ele viesse a ter algum problema de saúde, pode ter certeza, fui eu quem aceitou a missão de ajudá-lo nessa prova. Na verdade, se houver 99% de chance de ele nascer sadio, mas eu quiser aceitar a missão de receber um espírito que precisa nascer com alguma enfermidade, então não fará diferença as chances e porcentagens, assim será feito. Acreditar nisso me consola. (Outro dia vou escrever sobre minhas dúvidas sobre essa grande questão filosófica: destino x livre arbítrio)

Só me resta ter fé no futuro e ir dando um passo de cada vez. Quando for a hora certa, espero ter a sabedoria de tomar as melhores decisões. E espero tomar as melhores decisões possíveis, porque o futuro espírito que está destinado a um dia ser meu filho merece.