segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Brasil: o país do idealismo vazio (por João Lira)

Hoje estava conversando com um amigo sobre política. Pra cada coisa que eu falava, ele rebatia com uma coisa diferente. Mas quando eu questionava o porquê dele pensar assim, quais os fatos e os argumentos que embasavam a opinião dele, ele simplesmente não os tinha. E isso me fez pensar sobre como é a política no Brasil hoje.

Os brasileiros são apaixonados por política. Mesmo os que não gostam não se furtam de dar uma opinião. Só que é uma política que apenas divide e nada acrescenta. Porque o idealismo político do brasileiro é um idealismo vazio. Mesmo quando as pessoas defendem ideias boas, como elas não tem pé algum na realidade, elas se tornam impossíveis de ser por em prática. Ou quando defendem ideias dos outros sem nem ao menos saber a razão.

Outro fato comum no Brasil é a prática de criar uma classe para cada uma das reivindicações que existentes. São os negros, os de direita, os socialistas, os homossexuais, etc. Entretanto, ao criar definições para cada uma dessas coisas, aparentemente se cortam os laços que unem esses grupos ao resto da sociedade. E isso é impraticável. Além do mais, várias dessas reivindicações não levam em conta o impacto dessas coisas no resto do conjunto da sociedade.

Vou dar um exemplo prático: o passe livre. Seria bonitinho todo mundo andar de graça no ônibus? Seria. Mas diesel não é de graça, custa bastante produzi-lo. Ou seja, para alguns (ou todos) andarem de graça, o resto precisa pagar. Só que o resto inclui a própria pessoa que está "usufruindo" da gratuidade. Ela não paga o ônibus, mas paga o dobro de imposto na comida, por exemplo. São contas que apenas não fecham. Ponto.

A questão política também esbarra no hábito de repetir o que outros falam, apenas porque são amigos, ou pessoas que respeitam. Ou seja, se a pessoa A fala algo, como eu gosto dela ou a admiro, o que ela fala consequentemente está certo. É um culto à personalidade em detrimento da análise das ideias em si, e isso é muito comum em muito lugar. Isso toma caracteres perigosos dependendo da posição que aquela pessoa ocupa.

Não dá pra aceitar o que uma pessoa fala apenas porque é ela que está falando. E isso inclui a si mesmo. Não porque eu acho isso que aquilo está obrigatoriamente certo. Se não tivermos o costume de questionarmos as ideias alheias (ou próprias), independente de onde venham, estamos condenados a repetir coisas que podem estar erradas, e isso cria um efeito cascata. Lá pelas tantas ninguém sabe o que gerou aquela ideia, nem porque ele seria correta, ela apenas é. Como na nossa política é comum veículos transmitirem informações que nem mesmo legítimas são, e foram redigidas apenas para fins de manipulação por uma entidade A, B ou C, juntando-se isso com falta de crítica na leitura, criamos pessoas que não sabem porque pensam o que pensam e que acreditam em tudo que se lê, apenas porque viu por aí. Mesmo uma maioria de 99,99% pode estar transmitindo um conceito errado e os 0,01% que estão com o argumento sólido.

Então não seja uma pessoa que repete o que os outros dizem. Pense sobre as coisas, cheque suas fontes, mesmo as fontes em que você confia. Sejamos pessoas conscientes de nossas ações, pensamentos e ideologias e não deixemos a onda nos afogar, não importa quão alta ela é. Aprender a nadar nesse universo que é a informação é essencial.

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