sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Filhos

Sempre quis ter filhos. Desde novo eu sempre tive a certeza que queria ser pai. Mas a medida que você vai envelhecendo as coisas vão se tornando mais complicadas. E o tempo jamais para pra esperar por você.

Li uma reportagem que me deixou preocupado. Estudos mostram que quanto mais o homem demora a ter filhos, mais existe a chance dele passar mutações genéticas para eles. O ideal é ter filhos entre os 20 e os 30 anos de idade. Quanto mais passa disso, maior a chance de algo ocorrer. Eu tenho 26 anos. Minha janela ideal estaria se fechando daqui a 4 anos. Até que é um tempo razoável. Exceto pelos poréns.

Não se tem um filho da noite pro dia. Essa uma decisão a ser pensada, raciocinada, tem que estar tudo planejado, tudo pronto. Então... Atualmente eu estou solteiro, sem namorada, inclusive. Suponhamos que eu tire a sorte grande e ache o amor da minha vida daqui pra 2014. Já estaria com 28 anos. Então continuemos supondo: resolvo casar. Outra decisão que leva tempo. Né possível que eu vá fazer isso sem pelo menos ficar entre 3 e 5 anos conhecendo essa suposta pessoa, tendo certeza da decisão, etc, etc. Então já estaria com pelo menos 31 anos. Só que depois do casamento eu iria querer curtir um pouco, viajar, aproveitar a vida junto da minha esposa. Digamos que eu tome então mais dois anos. Existe ainda outro porém. Eu jamais teria um filho se não pudesse sustentá-lo. Atualmente estou na talvez mais cara cidade do país. Pra ter um filho eu teria que já ter algo construído. Apartamento próprio, carro, etc, etc. Analisemos o aspecto financeiro.

Se tudo der certo com o estágio, viro Jr. em Agosto de 2013. Daí tenho que esperar mais dois anos -- pelo menos -- pra tentar virar Pleno (2015) e, caso tenha sucesso, mais dois pra Senior (2017). Fez as contas? Estou com 31 anos. Isso se tudo der certo, o que eu acho improvável. Com certeza eu posso adicionar mais uns 2 ou 3 anos a mais, afinal concorrência para ascensão não é fácil. 33 anos pelo menos. Se corelacionarmos os dois aspectos, amoroso e financeiro e tudo der certo, então estaria tendo meu primeiro filho com 33 anos.

O problema é que na vida as coisas não funcionam facilmente. Então se colocarmos uns 3 a 5 anos de incerteza nessa matemática, e acho que ainda estou sendo otimista, teria entre 36 e 38 anos, quase 40. Daí entra uma conversa que tive com uma colega lá em Araçagi: será que eu viveria tempo suficiente pra ver meu filho crescer, pra ver meus netos? Porque ter filho com quase 40 anos, possuindo um historico fortíssimo de doenças cardíacas na família? Eu gostaria de viver muito, mas não sei se vai ser assim, porém rezo pra ter muitos anos neste planeta querido. Eu não gostaria de morrer sem ver meu filho crescer, entrar na faculdade, casar, ter os seus filhos...

Fora que eu não queria ter só um filho. Queria ter pelo menos dois. Daí eu já estaria mais velho ainda. Enfim... Infelizmente, meu pai faleceu quando eu tinha só 8 anos. Eu imagino como minha vida não poderia ter sido diferente se eu tivesse convivido com ele mais tempo, principalmente na adolescência, quando se tem tantas dúvidas, tantos questionamentos. Crescer sem pai é algo muito ruim.

A vida não tem questões simples. Ela sempre é imprevisível. Essa é apenas uma das várias questões que ficam sobrevoando a minha cabeça. Já me disseram que eu me preocupo demais, penso demais. Mas fazer o que se eu sou assim. E no fim das contas, pensar também é uma forma de entretenimento.

Uma das coisas que mais me deu paz nos últimos tempos foi ter abraçado a doutrina espírita. Explico onde ela se encaixa nessa questão dos filhos: a vida é parcialmente destino e parcialmente escolhas. Assim, se por um acaso eu viesse a ter um filho numa idade mais avançada, se ele viesse a ter algum problema de saúde, pode ter certeza, fui eu quem aceitou a missão de ajudá-lo nessa prova. Na verdade, se houver 99% de chance de ele nascer sadio, mas eu quiser aceitar a missão de receber um espírito que precisa nascer com alguma enfermidade, então não fará diferença as chances e porcentagens, assim será feito. Acreditar nisso me consola. (Outro dia vou escrever sobre minhas dúvidas sobre essa grande questão filosófica: destino x livre arbítrio)

Só me resta ter fé no futuro e ir dando um passo de cada vez. Quando for a hora certa, espero ter a sabedoria de tomar as melhores decisões. E espero tomar as melhores decisões possíveis, porque o futuro espírito que está destinado a um dia ser meu filho merece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário