quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As diferenças que (não) nos unem

Quando duas pessoas entram num relacionamento, é natural que elas mudem, tenham que se adaptar. Mas até onde isso é saudável e/ou desejável?

Já aconteceu comigo, provavelmente com você também: numa bela noite de verão você sai com os amigos e conhece aquela pessoa, que te chama a atenção logo de cara. Daí vocês engatam num papo, conversa vai, conversa vem, e acaba rolando alguma coisa. Depois de novo, e de novo. Até que a coisa se encaminha pra um relacionamento.

Entretanto -- e tudo na vida tem que ter uma conjunção adversativa -- apesar de se darem muito bem, ter química, entre outras coisas, você não tem uma única coisa em comum com ela. Digamos que ela seja uma otaku, super nerd, fã de Star Wars, que joga RPG e videogame e já leu todos os Game of Thrones (opa, acho que acabei de descrever meus sonhos aqui) e o cara seja um boyzinho, que gosta de sertanejo e funk, sabe tudo sobre carros, embora dirija um 1.0 pertencente a sua mãe e tem preguiça de ler até placa de trânsito. Não se enganem, esse tipo de relacionamento não só acontece como é revoltantemente comum (why do you like THAT guy????)

Vão os dois marcar pra sair. Pra onde vão? Por um lado, o camarada quer ir ver o Tchu e o Tcha no estádio da cidade. Já ela quer ir pro cinema ver Prometheus. Em começo de namoro isso jamais seria motivo de briga, já que um ia querer fazer a vontade do outro. E assim será por algum tempo. Mas o que acontece é aquele que cedeu provavelmente odiará completamente o programa escolhido. Obviamente depois ele não irá comentar nada disso: "Ah amor, que filme ótimo! A parte que eu mais gostei foi a que o Alien sai da barriga da mulher!". Quando na verdade o que ele mais gostou foi quando desceram os créditos finais.

Pelo menos filme é algo que dá pra se divertir mesmo quando não é um gênero do seu agrado. Mas suponhamos que a escolha tenha sido o show? Escutar o Tchu Tcha Tcha durante duas horas é uma tortura pra quem não é chegado. Fora que o tempo parece que demora mais a passar quando nos sujeitamos a tais coisas. A cada meia hora se passam cinco minutos. Mas e daí, eles passaram o show todo se pegando então não foi tão ruim assim.

Só que um casal não vive só de pegação. Tem uma hora que eles terão que conversar. No início, cada minuto do dia parece render uma hora de conversa. "Conta mais como foi comer macarrão com colher! É muito interessante!" Tá, o amor nos deixa bobos. Mas convenhamos que uma das maiores graças de se conhecer uma pessoa é exatamente isso: conhecer. Claro que ao falar de algo que você gosta é super divertido. Já escutar sobre algo que você não gosta é triste. Eu lembro das minhas conversas com uma amiga, quando eu passava horas e mais horas discorrendo sobre quem era o Snake mais pal (sim, com L mesmo): Solid Snake ou Big Boss (pra quem leu grego, são personagens da série de videogames Metal Gear Solid).

Mas eu acabei fugindo do ponto principal: o que complica é quando você tenta mudar pra agradar a outra pessoa. Você não sabe nem o que é um sabre de luz, mas é convencido a ir de cosplay do Anakin pro evento que sua namorada chamou você. Ou, opostamente, vai prum racha de carros tunados sem nem saber o que é NOS. Daí a pessoa começa a fingir que gosta daquilo e até tenta gostar, mas é muito contra sua natureza. Isso numa pessoa que tem sua individualidade bem resolvida. Porque tem aqueles que são tudo o que o parceiro quer que eles sejam. Só que uma pessoa sem personalidade não é interessante durante muito tempo.

Existem relacionamentos em que os envolvidos são muito diferentes e dá certo. Mas eu acho que esses são exceções. Eu acredito que um relacionamento legal é quando os dois tem algo em comum, seja gostos, sonhos, objetivos de vida... e isso serve até pra unir mais os dois. Assistir séries, jogar videogames, comentar livros, ir a shows... tudo quando é compartilhado se torna melhor. E tendo os dois gostos parecidos, a coisa tende a dar muito mais certo. É o que eu acho...

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